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7º BOLETIM INFORMATIVO DA OBRA DA BARRAGEM DO PIRAÍ

TÍTULO: 7º BOLETIM INFORMATIVO DA OBRA DA BARRAGEM DO PIRAÍ
REDATOR: Administração CONIRPI
DATA: 11/06/2025
Nº 007

O Consórcio Intermunicipal do Ribeirão Piraí (CONIRPI) compartilha, por meio deste boletim, as atualizações sobre o andamento da obra de implantação da Barragem do Ribeirão Piraí, reafirmando o compromisso com o desenvolvimento sustentável da região e com a garantia da segurança hídrica para as cidades de Indaiatuba, Salto, Cabreúva e Itu, no estado de São Paulo.

Informações da obra:

Conforme informado no boletim anterior, foi submetido o Plano de Trabalho com a incorporação integral das exigências constantes no Parecer Técnico emitido pelo IBAMA, entre as quais se destaca a implementação de ações para o manejo e conservação de Callithrix aurita nas áreas de influência da Barragem do Ribeirão Piraí. Com isso, o órgão emitiu a anuência autorizando, de forma condicionada, a supressão de 6,95 hectares de vegetação nativa em estágio médio de regeneração no Bioma Mata Atlântica, área diretamente associada à implantação da barragem.
Na sequência, a CETESB formalizou a autorização ambiental específica, contemplando a supressão de vegetação nativa, intervenção em Área de Preservação Permanente (APP) e corte de árvores nativas isoladas, necessários para a implantação do eixo e das áreas de apoio da barragem.
Diante desses encaminhamentos, as obras foram retomadas em abril, juntamente com a publicação oficial da autorização. No entanto, em função desses eventos supervenientes, foi necessária a readequação dos prazos contratuais. Para isso, foi emitido um aditivo contratual de prorrogação, que também contempla o serviço de desmonte de rocha.

Ações para o Manejo e Conservação de Callithrix aurita nas Áreas de Influência da Barragem do Ribeirão Piraí:

A equipe de monitoramento está dando continuidade às atividades nas áreas Diretamente Afetada (ADA) e de Influência Direta (AID) da Barragem do Ribeirão Piraí, com o objetivo de realizar o mapeamento completo dessas regiões e identificar novos grupos de calitriquídeos, especialmente Callithrix aurita, espécie nativa e ameaçada de extinção.
Entretanto, a supressão de vegetação promovida pelo empreendimento – totalizando 51 hectares, sendo 20,28 ha de floresta em estágio médio de regeneração e 30,72 ha em estágio inicial – representa um impacto direto sobre a viabilidade das populações locais de Callithrix spp., exigindo ações específicas de manejo e conservação.
Em atendimento às diretrizes estabelecidas no Parecer Técnico do IBAMA e ao Processo da Cetesb, o CONIRPI comprometeu-se com a execução de um plano de manejo que contempla o controle populacional de espécies híbridas e alóctones, bem como a preservação dos indivíduos puros de C. aurita. Para isso, foi contratada uma equipe técnica especializada, incluindo uma parceria com o Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra (CCSS) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob coordenação do Prof. Dr. Fabiano Rodrigues de Melo, e com o apoio da studbook keeper da espécie no estado de São Paulo, a médica veterinária Cláudia Almeida Igayara de Souza, do Zoológico de Guarulhos, referência nacional no manejo da espécie.
Além disso, o CONIRPI celebrou contrato com a Fundação Valeparaibana de Ensino, mantenedora da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), por meio da Profª Drª Flavia Villaça Morais, responsável pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS/UNIVAP). Este centro será o responsável pela esterilização dos indivíduos híbridos e alóctones capturados nas áreas de estudo.
A seguir são apresentadas, de forma resumida, as ações que compõem o plano de trabalho elaborado para mitigar os impactos da intervenção ambiental e garantir a conservação da fauna de calitriquídeos da região, com ênfase especial na proteção de Callithrix aurita.

Etapas do Plano de Manejo:

1. Pré-Captura

O trabalho consiste na instalação de plataformas de bambu em locais estratégicos, atrativas com iscas (banana) e o uso de vocalizações da espécie para atrair os grupos. Essas plataformas são preparadas para, futuramente, receber armadilhas tipo Tomahawk, após os animais se habituarem ao local.

Figura 1 – Exemplos de plataformas a serem utilizadas na etapa de pré-captura e habituação dos grupos de Callithrix spp. na ADA e AID do empreendimento da Barragem do Ribeirão Piraí, SP. A. Plataforma de bambu instalada. B. Plataforma de bambu com iscas em sua superfície. Fonte: (Hileia, 2024 – Projeto de Manejo Reprodutivo do Callithrix penicillata no PEIA, SP).
Figura 1 – Exemplos de plataformas a serem utilizadas na etapa de pré-captura e habituação dos grupos de Callithrix spp. na ADA e AID do empreendimento da Barragem do Ribeirão Piraí, SP. A. Plataforma de bambu instalada. B. Plataforma de bambu com iscas em sua superfície. Fonte: (Hileia, 2024 – Projeto de Manejo Reprodutivo do Callithrix penicillata no PEIA, SP).

Durante o período de habituação (aproximadamente 30 dias por grupo), os saguis aprendem a frequentar as plataformas com segurança. As armadilhas são inicialmente mantidas fechadas com iscas acessíveis, passando depois a ser travadas abertas, e por fim armadas para captura.

Figura 2 – Métodos a serem utilizados para capturar os Callithrix spp. na ADA e AID do empreendimento da Barragem do Ribeirão Piraí, SP. A. Fixação das armadilhas nas plataformas de bambu com iscas em seu interior e portar abertas e presas. B. Exemplo de habituação de Callithrix penicillata para posterior captura. Fonte: (Hileia, 2024 – Projeto de Manejo Reprodutivo do Callithrix penicillata no PEIA, SP).
Figura 2 – Métodos a serem utilizados para capturar os Callithrix spp. na ADA e AID do empreendimento da Barragem do Ribeirão Piraí, SP. A. Fixação das armadilhas nas plataformas de bambu com iscas em seu interior e portar abertas e presas. B. Exemplo de habituação de Callithrix penicillata para posterior captura. Fonte: (Hileia, 2024 – Projeto de Manejo Reprodutivo do Callithrix penicillata no PEIA, SP).

2. Captura

Com a devida licença, inicia-se a captura dos grupos de calitriquídeos da ADA e da AID. Após a habituação, os profissionais de campo agendam com o CRAS da UNIVAP os dias e horários mais adequados. São abertas armadilhas em plataformas específicas, com base na disponibilidade de recintos no CRAS.
Durante as campanhas de captura, é mantido o fornecimento de iscas nas plataformas. Após o aceite do número de indivíduos pelo CRAS, as capturas ocorrem das 5h às 17h, buscando capturar todos os membros do grupo para manter sua estrutura social.
As campanhas de captura exigem a participação de dois biólogos, além da presença de um veterinário para acompanhar as atividades de campo e os deslocamentos. Os animais capturados são mantidos em armadilhas cobertas com TNT preto, com banana e água, até o transporte no fim do dia. Se nem todos forem capturados no mesmo dia, os demais são capturados nos dias seguintes e levados diariamente para o CRAS.

3. Deslocamento

O transporte dos saguis é feito até o fim do dia de captura para pernoite no CRAS/UNIVAP. O veículo deve ser identificado, possuir ar-condicionado ligado durante todo o trajeto, e seguir todas as normas legais. Paradas são realizadas para verificar o bem-estar dos animais.
Cada indivíduo transportado tem uma ficha de campo preenchida com informações como ID do grupo, local de captura, horário, idade, identificação taxonômica e observações. As fichas são entregues ao responsável no CRAS.

4. Cirúrgico

Conforme exigência do IBAMA, será realizada a esterilização de indivíduos alóctones e híbridos, além da marcação de todos os Callithrix aurita. O procedimento é feito no CRAS/UNIVAP. Machos passam por vasectomia (procedimento pouco invasivo com rápida recuperação), e fêmeas por laqueadura (mais invasiva, com recuperação de até 10 dias).
São adotados protocolos anestésicos eficazes, com analgesia adequada e antissepsia rigorosa. Durante a anestesia, cada animal recebe um microchip subcutâneo e marcações visuais para evitar recapturas.

5. Pós-Cirúrgico e Deslocamento

No pós-operatório, os animais são mantidos em gaiolas individuais para melhor acompanhamento da recuperação. A alimentação é oferecida após plena recuperação anestésica.
Após estabilização clínica, os animais são devolvidos ao fragmento de origem. No caso dos grupos da ADA, eles são realocados para fragmentos pré-selecionados pela equipe técnica. O transporte de volta ocorre preferencialmente pela manhã, para permitir soltura e monitoramento no mesmo dia. O monitoramento continua mensalmente por um ano.

6. Soltura e Destinação

Indivíduos puros de C. aurita identificados em grupos mistos são preferencialmente devolvidos à natureza com seu grupo. Caso especialistas considerem inadequada sua soltura, os animais são destinados ao plantel do CCSS/UFV, conforme diretrizes do PAN PPMA.
No CCSS-UFC, os recintos foram adaptados para o bem-estar dos saguis, com estrutura de túneis, plataformas de alimentação e ambientes enriquecidos. Os grupos familiares são mantidos em grupos sociais em manejo ex situ para preservar a saúde e o comportamento dos animais. No CCSS-UFV, eles recebem uma dieta variada e são alimentados de forma a estimular seus comportamentos naturais.
Em caso de óbito, o material biológico será encaminhado ao CCSS-UFV, mediante carta de aceite.

7. Monitoramento

Os grupos esterilizados serão monitorados por playback mensalmente, durante 10 dias por mês, ao longo de um ano. Os fragmentos florestais da AID serão percorridos por transectos principais e secundários.
Esse monitoramento visa estimar a população de calitriquídeos, identificar nascimentos, novos grupos ou interações, e comparar com os dados de anos anteriores.

8. Educação Ambiental

O CONIRPI promoverá ações educativas com distribuição de folders, cartilhas e banners nas áreas de circulação da comunidade.
Serão realizados eventos com foco em escolas e moradores da região, abordando a conservação do Callithrix aurita, riscos da introdução de espécies invasoras e a importância de não adquirir animais silvestres como pets.
Haverá também divulgação de um canal de comunicação para reportar avistamentos de saguis alóctones, estimulando o engajamento da população local.

Próximos Passos:

A empresa dará continuidade à execução dos serviços previstos na Ordem de Serviço nº 4, limitando-se às atividades autorizadas pela CETESB, conforme a autorização de supressão de vegetação emitida. A realização dos trabalhos seguirá estritamente as diretrizes estabelecidas no referido documento, assegurando o cumprimento das exigências legais e ambientais aplicáveis.